Lutar e vencer em todas as batalhas não é a glória suprema: a glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar - Sun Tzu, século V a.C.
Na manchete de sábado do jornal O Globo, “Intenso tiroteio entre Exército e tráfico abre a Batalha do Alemão”. São as forças de segurança do Rio, além do Exército e da Polícia Federal, que iniciaram a ocupação das favelas do Complexo do Alemão.
Na reportagem, lemos que já haviam sido feridos na troca de tiros três militares e seis civis, entre estes uma criança de dois anos, atingida por um tiro de fuzil no braço. Triste saldo do primeiro dia de confrontos no Complexo do Alemão, principalmente quando lembramos que na véspera, no Jornal Nacional, vimos mais de duzentos traficantes armados fugindo da Vila Cruzeiro, que tinha sido invadida pelas Forças de Segurança, para irem se abrigar justamente no Morro do Alemão.
Eles atravessavam uma estrada no alto da Serra da Misericórdia, um local desabitado, e seguiam por uma estrada deserta. Um único blindado, que havia alcançado aquele ponto, abriu fogo contra os traficantes em fuga, atingindo um deles. Os outros escaparam.
E apesar das desconversas e das explicações dos comandantes e dos especialistas em segurança, a imagem não deixa mentir: houve uma falha gritante de planejamento, quando não se aproveitou aquele local deserto, óbvia rota de fuga, para se armar uma emboscada e obrigar à rendição aquele grande número de traficantes, com risco nulo para a população.
Deveria ter sido feito o mapeamento do local que seria invadido, no caso, a Vila Cruzeiro. Identificadas as possíveis rotas de fuga. No caso, o alto da Serra da Misericórdia, por ligar a Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão, por ser um ponto alto, devia ter sido ocupado pelos soldados, como preliminar à invasão. Momentos antes desta se iniciar, usar helicópteros de transporte para desembarcar, de surpresa, alguns soldados no meio daquela estrada, escondidos na mata. Depois da invasão, e com apoio aéreo, os traficantes que viessem armados pela estrada se veriam cercados, e obrigados a depor as armas.
Seriam duzentos traficantes colocados fora de circulação, numa tacada, sem riscos à população.
Escondidos dentro do Complexo do Alemão, podendo fazer reféns entre os moradores, a captura destes bandidos seria forçosamente mais difícil.
Será que nossos militares, nossos estrategistas, não lêem os livros de Julio Cesar? A Guerra Civil, As Guerras Gálicas? Se lessem, saberiam da importância de se ocupar os pontos estratégicos. Mas para a nossa cultura talvez estudar estratégia seja uma estupidez, algo inútil, algo para se ironizar, uma decoreba do substantivo “estratégia” em diversas línguas:
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