
Behemoth e Leviatã na gravura de William Blake
Faltou dizer o que seria uma noção democrática, legítima, não-patrimonialista, do serviço público. Uma noção que valorizasse a honestidade, a transparência.
Cargos públicos são preenchidos por profissionais treinados para tratar daquela matéria. Médicos: tratar dos doentes. Professores: ensinar. Engenheiros de trânsito: cuidar do trânsito. Engenheiros florestais: cuidar de florestas. Jardineiros: cuidar de jardins.
Parece o óbvio, e é o óbvio. O mínimo.
Secretários de senadores. Assessores, de todo nível. Com especialidades definidas, a partir do estabelecimento de quais as matérias úteis para o trabalho de senadores. Precisa de secretários, de especialistas em finanças, contadores, seguranças, etc. etc. Que isto seja definido em lei, que cada senador tenha seus funcionários PÚBLICOS. Não pertencentes aos senadores, pertencentes ao Senado. Alguns (poucos) que trabalham diretamente, outros que prestem serviços a todos os senadores, ou a grupos deles.
Por que, em cada gabinete, sei lá, um profissional de informática? Para gastar mais dinheiro público, para haver mais ociosidade, desperdício? Estabeleçam um número razoável de profissionais, para atender a vários senadores, impessoalmente.
Se forem ruins, haverá muitos senadores se queixando de não conseguirem usufruir do serviço. Troque-se o mal profissional de informática. Se forem bons, haverá a boa realização do serviço.
Mas claro que o nosso Senado é o primeiríssimo a dar o exemplo, como vimos há bem pouco tempo. Na queda de braço entre nossa raquítica Oposição e os paquidérmicos José Sarney (Behemoth) e Lula (Leviatã), os aliados do Governo quebraram o braço da Oposição.
Atos secretos, descalabro na contratação de assessores “especiais”, especialíssimos. Roseana Sarney tinha um servidor no seu Gabinete que era mordomo de sua casa, e atendia pelo simpático apelido de “Secreta”. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090620/not_imp390254,0.php É além do surreal, é além do deboche. Tivemos um senador que revogou o irrevogável, após conversinha de pé de ouvido com o Big Boss, the Godfather. Não é, seu Aloísio Mercadante?
A República de joelhos, a República humilhada. Um novo estupro de Lucrécia, sem que houvesse a vingança dos romanos. Não, somos pouco romanos. Somos muito ispertos, isto somos mesmo. Construímos uma nação no jeito, maneira.

Os Horácios prometem vingar o estupro de Lucrécia, quadro de Jacques Louis David
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