
Os governistas comemoram o sucesso: 8 anos de Lula, popularidade nas alturas, eleição da sucessora, e, o mais importante, uma única voz que se ouve, manifestação de um pensamento único, e a oposição está calada...
Um grande sucesso, uma vitória completa, e a ordem agora é não fazer reféns. Não permitir focos de discordância, no cenário geral. Lula já suspendeu o retiro, e se reuniu com o partido para traçar as estratégias de conquista dos locais onde existem governos de oposição: São Paulo, Minas Gerais, alguns outros focos menos importantes... a ordem é não descansar, não deixar pedra sobre pedra, é dominar do Oiapoque ao Chuí, e, depois, quem sabe, o mundo todo... quem sabe Lula-lá pra receber o Nobel da Paz, que glória, hein, os doutores do mundo todo se curvando para saudar este Filho do Povo... Brazil-zil-zil...
Pros tontos que enchem a barriga e a cabeça com símbolos, com ideologias, com ilusões, é um prato cheio. Uma cachacinha que faz esquecer da fome... para os milhões do país que comem pouco, que PODERIAM comer bastante, caso não fosse a corrupção e a desordem, mas aí já seria pedir muito, o sucesso e a alegria dos que estão no poder não são compartilhados.
Mas estes milhões têm pouca instrução, têm pouca possibilidade de estabelecer comparações, pouca oportunidade de questionar, de criticar, de exigir, de fiscalizar, e são, portanto, presa fácil. Um quilinho a mais de feijão para estes, uma cachacinha, uma imagem bem bonita para propaganda, bem simbólica, a cargo de um marqueteiro regiamente pago, e tá feito o truque, tá garantido o voto. Daí, pode-se fazer o desmando que se quiser, pode-se acobertar quem quiser, dar o cargo público para quem quiser, gastar o dinheiro público como se quiser, que tá tudo valendo. O voto dos milhões absolve tudo, a popularidade nas alturas nos enche de “razões”, e tudo é tão “democrático”, não é mesmo?
E alguns imbecis, estúpidos, ou que estão em posição muito confortável, acreditam mesmo que democracia é sinônimo de putaria, que liberdade admite corrupção e desmando... o que falar para estes? Só lamento...
Os que ganharam um carguinho de confiança, sem qualquer qualificação, sem qualquer merecimento, só porque eram amiguinhos do dono do poder, dispostos a tudo para manter o carguinho, defendem sem hesitação nossa “democracia”, desde que não mude o ocupante do poder, e não seque a fonte... grande democracia esta, que admite o voto livre, desde que o voto não tire o poder do meu partido. Grandes democratas!
Mas não poderia ser diferente, quando a eleição envolve a distribuição de milhares e milhares de cargos de confiança. Não se está falando de uma abstrata mudança de políticas, está-se falando de milhares de cargos que vão mudar de mãos, o SEU cargo, com todas as mordomias e os privilégios, com seu alto salário e o seu alto poder de fechar ótimos negócios...
É muito concreto o que está em disputa, e portanto vale tudo para derrubar o adversário político. Qualquer baixaria se admite, e se ainda assim houver perigo de perder a eleição, aí denuncia-se um golpismo, ameaça-se de botar o povo na rua. O “povo”, entenda-se, as massas de manobra que se pode organizar, que se pode financiar, que se prestam a obedecer.
Claro, não precisa nunca ser um número elevado. Os bolcheviques de Lenin mostraram isso, os fascistas de Mussolini idem. Não chegam a 1% dos eleitores, mas os 99% são uma massa amorfa, desorientada, que não resiste. Um grupo pequeno, mas organizado, e reunido em torno de interesses concretos, consegue dominar os milhões com interesses difusos, com a cabeça nas nuvens, ou enterrada na areia...
Os milhões assoberbados de serviço, na briga feroz para ganhar um trocado para encher a própria barriga, e a barriga da família. Os milhões que não lêem os jornais, não lêem os livros, que nem foram pra escola, ou que preferem uma vida de facilidade contínua, de matar o tempo assistindo dez novelas na TV, ou enchendo a cara, ou torrando grana, quando podem, sem qualquer outro interesse que não o seu imediato, de ócio, de prazer, de alienação.
Estes tantos milhões são presa fácil. Já estão dominados, oferecem o próprio pescoço pra canga.
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